sexta-feira, 17 de setembro de 2010
sábado, 14 de agosto de 2010
Perdido em Toledo
O hemisfério Norte de fato me desnorteva, literalmente!!!
Assim, encontramos um barzinho, e entre birras e tapas, passamos algum tempo já avançando noite adentro. Foi quando resolvi ir pro hotel mais cedo, peguei a chaves e pedi para o Léo me ensinar o caminho. Assim fui.
Cada rua que entrava, cada beco que passava sentia que estava me perdendo mais e mais, e o pior ! As ruas totalmente desertas, sem uma alma viva sequer. O medo perdeu lugar para o pânico! Não por causa de assaltos ou algo assim, Toledo é segurissima, mas eu não encontrava a maldita estalagem e para piorar as chaves do quarto estavam comigo. Imaginem eles chegando no hotel e descobrir que eu ainda não tinha chegado?
Depois de 45 minutos de extremo pavor, encontrei uma senhora que me explicou com pormenores, e depois de mais uns 5 minutos estava saindo nos fundos da rua de onde comecei minha saga. Encontrei os caras ainda bebendo, e quando me viram, não entenderam nada:
-Porque vc voltou?
Eu sem graça respondi:
-Não voltei! Ainda não encontrei o hotel!
senha para que a a gargalhada fosse contagiante, até para o casal de alemães que estava sentado ao lado.
Encontra-los foi um misto de alivio e raiva. E a certeza de que realmente eu não estava encontrando o Norte da minha viagem
quarta-feira, 21 de julho de 2010
MEU 1º LIVRO
Reuni 4 pequenas estorias de amor que escrevi há alguns anos, e resolvi publicar doando toda a renda ao um asilo de Osasco.
Quem puder ajudar, o coração agradecerá....
sexta-feira, 2 de julho de 2010
Plano B
sábado, 5 de junho de 2010
sexta-feira, 28 de maio de 2010
Santa Eulalia de Bóveda

Peço desculpas pelo cronograma erroneo, mas não irei conseguir colocar em ordem sem deixar de postar as fotos no blog. Por isso estou postando as viagens a medida que consigo colocar videos ou fotos. Posto isso, continuemos:
Assim que sai de Lugo, fomos eu e meu irmão André para Ourense, onde deveriamos passar a tarde para o aniversário de nosso primo.
No caminho, o GPS indicou um Templo Romano.
Parei o carro para analisar. Um templo Romano na Galicia? Não que era impossivel, mas não estava me lembrando de nenhum até aquele momento, muito menos naquela região.
Resolvi seguir meu feeling e o GPS (é claro!) e sai da estrada principal entrando numa estradinha vicinal lindissima.
As árvores fechavam a estrada como se fossem um tunel, os campos esmeraldinos deixavam a paisagem tipica de um wallpaper, o céu estava límpido apesar do frio da região.
A cada quilometro percorrido entre curvas e aldeias, percebi que subia uma montanha, e no topo desta podia-se ver grande parte das terras galegas.
Em meia hora de viagem vimos de tudo, entramos numa floresta densa, passamos por fincas abarrotadas de corvos, vimos aldeias medievais até chegarmos numa rua de mais ou menos 9 casas e mais nada.
Andei algo em torno de 60 metros e já me vi fora daquele conglomerado. Era só isso? Cadê o resto da cidade? Aliás, cadê o templo romano? ora que o GPS indicava fim do caminho.
Logo vi que acima das casas, havia uma passagem e subi, na rua de cima, nada mais do que mais uma casa e uma igreja medieval circunvizinha de uma macieira carregadinha.
Enquanto abocanhava uma maça vermelhinha, observava a igreja e imagina saber onde ficava o tal Templo. Percebi que na velha igreja havia em volta algumas dezenas de túmulos, tipico das tradições católicas.
O local estava ermo, vi um senhor que pastoreava suas ovelhas e perguntei onde ficava o tal templo.
O gentil senhor disse-me que o templo estava embaixo da igreja, que teria que entrar pela rua de baixo, mas que precisava chamar pelo vizinho.
Assim o fiz, e o vizinho, um galego simpatico e culto, abriu um pequeno portão que deu para a visão mais fascinante que até então tinha visto.
As imagens desenhadas no alto eram incriveis e bem preservadas. O tal templo era de origem visigoda, único templo encontrado na região ocidental da Europa.
Aproveitei para me gabar, disse em bom tom que então era o primeiro brasileiro a estar em tal admiravel patrimônio!
"Segundo" -corrigiu-me o galego. "Sou casado com uma brasileira, e ela foi a primeira"
Caramba! Como tem brasileiro em qualquer lugar do mundo! Até na ilha do Lost fomos representados pelo Rodrigo Santoro, porque iria duvidar???
sábado, 8 de maio de 2010
Uma parada no roteiro
quinta-feira, 29 de abril de 2010
Espadas, espadinhas e espadões
Toledo
Mérida
terça-feira, 27 de abril de 2010
Rota Ibérica
Estávamos (menos eu que não bebo! ) quase caindo de tanto beber no bairro do Chiado em Lisboa, quando trôpegos ao voltar para a casa do Boi entre ladeiras e vielas, Léo perguntou pra onde iríamos na manhã seguinte já que ele tinha alugado um verdadeiro bólido, Passat perua alemão de 6 marchas, uma beleza!
Entre risadas embriagadas e soluços agudos da cativante bebedeira escutou-se em tom maior: MADRID!
-Pois vamos para Madrid! Garantiu o não menos sóbrio Léo.
E assim tínhamos um destino, coube a mim analisar os mapas e fazer o itinerário o qual faço sempre com prazer.
A Rota Ibérica, assim que a batizamos, deu inicio em Lisboa passando por Évora para almoçarmos e aproveitar para conhecer a sinistra e modorrenta Capela dos Ossos.
Assim que entramos na secular igreja, senti-me repetitivo até porque lembrava muito as igrejas das cidades históricas mineiras, ou melhor, a maioria das igrejas portuguesas, contudo, logo vi a diferença. Para ingressar no cômodo principal, este sim coberto de fêmures e crânios, teríamos de desembolsar uma pequena soma de 2 Euros.
Assim com menos moedas nos bolsos, tivemos a verdadeira visão do inferno, numa igreja!!!
Uma sensação de mal estar nos dominava. O Boi sentiu-se mal como nunca antes. O cara é acostumado a ver vídeos de massacres, esquartejamento e outras escatologias diversas e nada ! Mas a Capela dos Ossos foi o bastante!
O Vlad, munido com uma maquina fotográfica digital, dotada de Smile Shot, sussurrou em meu ouvido: Bolívia! A câmera está disparando sozinha!
Estava tão atônito com a presença de milhares de ossos que nem percebi que era uma brincadeira. De fato os crânios pareciam rir de nossa presença.
quinta-feira, 15 de abril de 2010
quarta-feira, 14 de abril de 2010
HOSTEL CELICA
O prédio era uma prisão militar nos anos 50 até 80. Ficavam trancafiados por lá presos politicos.
Nos anos 90 o prédio, já abandonado foi tranformado em albergue e suas celas foram todas preservadas. Se não fosse o bastante, casa um dos quartos-celas foi decorado por inumeros artistas plásticos do pais. Pois é! O Nosso era pra lá de decorado. Era no estilo de beliche, só que para subir ao 2º pavimento era preciso uma escada de pintor!!!
Certa noite no albergue, já deitados em nossas provinciais camas (o Vlad embaixo e eu em cima), dois caras entram com tudo no quarto. Como a lampada estava queimada, ninguém viu nada, de repente só escuto os caras entrarem falando aquela lingua indecifravel subindo na escada de acesso ao meu pavimento.
Pensei: Agora ferrou tudo! O Vlad falando ingles, ou tentando falar porque até onde entendi os caras não falavam muito bem. Sinceramente, das duas uma: Ou era uma temática do albergue em simular a noite de um prisioneiro ou era um rapto, assalto sei lá, no estilo do filme "O Albergue".
Mas para nossa sorte era apenas o zelador trocando a lampada queimada. UFA!!!

Assim que saimos de Nova Gorica ( se fala Gorizhá!) chegamos de busão em Ljubljana ( se fala Liubliana ) a capital da Eslovenia.
Chegamos no fim da tarde. Na verdade eram 16:00 hs. mas já era inicio de inverno.
A cidade é limpa, lindissíma, um conto de fábulas. Nunca vi tanto verde e tantas pessoas bonitas e bem vestidas.
Outra curiosidade: Eles são amicissimos, sempre prestativos!
Realmente parece que você está em outro mundo.
Essa fonte mostra a ponte principal do centro da cidade. Existem 2 dragões "vigiando" cada lado da ponte.
Fotos de Milão, Veneza e Eslovênia
SLOVENIJA
Assim que o avião da Easyjet saiu de Lisboa em direção a Milão, senti-me na Itália.
Primeiro pelo linguajar dentro da aeronave e depois pelo tamanha das napas, indiferente do sexo.
O avião aterrissou as 11 da noite em Malpensa, que fica a cinqüenta minutos de Milão. Assim que a aeronave parou descemos e sentimos o frio colossal do norte italiano. Foi a hora de usar o gorro e as luvas, mas faltava mais.
Pegamos um shuttle até Milão, onde desembarcamos ao lado da Stazione Centrale. Enorme! Um prédio colossal!
Já era perto da meia-noite e estávamos com frio e fome. Não comemos nada no avião ora que pegamos um vôo Low Cost , ou seja, de baixo custo, e qualquer bebida, lanchinho ou refeição é pago na hora!
Naquele momento avistamos o grande M amarelo mundialmente conhecido. Não tivemos dúvida e assim continuamos com o nosso documentário “Super Size Me –versão Europa”.
Como em cada pais sempre há algo diferente nas redes Mc Donalds, vislumbramos um interessante acompanhamento: Camarões empanados! Também conhecido por Gamberi.
Depois de forrar o estomago fomos a caça de hotéis. Imagine dois mochileiros a uma da manhã procurando um quarto qualquer para se proteger do frio?
Pois bem, foi a hora de treinar meu parco italiano : “Dove stanza libera per oggi?
E assim repeti por quatro ou cinco hotéis, até que conseguimos um por 70 euros. Não antes do Vlad barganhar, ora que queriam 85 mangos.
Até que o recepcionista foi legal, dizia que estava aprendendo a falar português, depois falou dos jogadores brasileiros que jogam em Milão e por fim, conseguiu ver o horário do trem para Veneza.
Com um quarto legal dormimos como uma pedra, sabendo que no dia seguinte teríamos que acordar cedo para ir até a estação. Aliás a estação ficava a menos de uma quadra.
Não é que fizemos as coisas todas nas coxas não! Eu fiz um caderninho de anotações, com direito a endereços de hotéis, restaurantes, horários de trem, ônibus, etc.. Mas acabei esquecendo-o
De manhã, depois de tomarmos nossa “colazione”, fomos a Estação, onde fomos comprar a passagem para Veneza. Custou algo em torno de 27 euros para cada um, e assim experimentamos o trem europeu. Fantástico!!!
Assim que sentamos, o Vlad sacou de sua mochila mágica ( mágica porque era como uma mochila escolar que tinha mudas de roupa para 5 dias e ainda o LapTop, e conseguia ser 1/3 da minha) e começou a trabalhar em seu projeto. Enquanto isso ficava admirando a paisagem, a Cortina D àmpezzo ao fundo, os lagos, as vilinhas. E assim passamos por Vincenza, Verona que é a terra de Romeu e Julieta, e por fim Veneza.
Assim que desembarcamos, vimos do lado de fora da estação os fantásticos canais venezianos. O tempo estava ótimo, com um belo sol apesar da temperatura não passar dos 17 graus.
Bom, o nosso plano era o seguinte: Havia um ônibus que sairia de Veneza Mestre( a parte continental de Veneza) até Ljubljana ( capital da Eslovênia) as 17:00 hs. Com previsão de chegada as 22:00 hs. Como já era meio-dia, tínhamos uma tarde para conhecer a ilha toda.
Primeiro pegamos um Vapporetto (ônibus-barco), como todas as ruas da cidade são canais, normal que os ônibus, táxis, ambulâncias, caminhões etc.. sejam barcos, lanchas.
Percorremos o canal principal até chegarmos na Piazza San Marco. Sinceramente curti a arquitetura mas faltava algo, talvez tempo para se identificar com o local.
De lá fomos a pé até a estação rodoviária que era ao lado de onde pegamos o vapporetto, ou seja, teríamos que voltar os 40 minutos de barco a pé, com uma agravante: Veneza, assim como a maioria das cidades medievais, é tomada de labirintos.
Não sei como, mas corremos, parávamos para respirar, tirar uma foto de uma ponte aqui uma gôndola ali, e quando vimos já estávamos na estação de ônibus.
Pegamos um busão até Mestre, onde pegaríamos o ônibus internacional. Desta vez Vlad usou seu profícuo inglês para verificar onde deveríamos descer. Descemos na estação de trem.
De lá soubemos que o tal ônibus sairia de um ponto no meio de uma rua. Essa rua é erma, com empresas do lado esquerdo e o muro da linha férrea do outro, zona tipicamente industrial. Assim começamos a andar até encontrar o tal ponto.
Andamos mais de
No caminho o simpático homem perguntou de onde éramos, e quando ouviu a palavra mágica, se abriu todo: “Brasil! Che bello paese! Brasil é molto caldo, e Itália molto freddo!” E só sabia isso!
De repente vimos que o tal ponto era a menos de
Também o tal ponto de ônibus era algo simplório com uma placa fajuta. Nunca alguém pensaria que um onibus internacional sairia de um lugar assim.
No local estava um carro estacionado com placas da Bulgária, e um rapaz na certa romeno, aguardando o tal transporte.
Fiquei meio aflito. Imagine que ficaríamos cinco horas dentro de um ônibus com todo o tipo de gente do leste europeu, como albaneses, romenos, búlgaros, kosovares e sei lá mais quem.
Quando concordamos em usar o plano B, a policia chegou pedindo passaporte pra todo mundo. Talvez por sermos caucasianos similares aos italianos, nada nos foi pedido, e ficamos observando a batida.
Dessa forma, resolvemos voltar a estação de trem e usar o plano B. Pegar um trem até Gorizia e de lá atravessar a fronteira pra Eslovênia á pé, entrando por Nova Gorica.
O trem era um intermunicipal igual ao que sai de Osasco, nas primeiras cinco estações fomos de pé, depois sentamos, e por duas horas ou mais, esperamos chegar
O proprietário fez uma lasanha fantástica! Também não sei se era a fome. Depois perguntou se queria “ Maiale” como acompanhamento. Descobri que era um tipo de carne, mas de que animal? Perguntei se era de carneiro, mas como disse, meu italiano era apenas turístico, saber animais ou aves era muito pra mim. Começou então uma onomatopéia de fazenda. “ Béééé´!!!!” fiz eu e o dono fez que não, e tomou-me vez: “ Oinc Oinc!”. Pronto! Já havíamos descoberto o que era. “ Manda ver !” disse o Vlad, sem que o dono entendesse: “Vogliamo maiale” –disse eu, e o acolhedor homem saiu contente em busca do prato.
Estava delicioso! Agora com nossos estômagos forrados poderíamos voltar a rua em busca da fronteira com a Eslovênia.
Minutos depois, enquanto caminhávamos numa rua extensa coberta de folhas de plátanos, avistamos a tão sonhada divisa.
PalmeirinhaXCorintinha
A pacata cidade de Porto Ferreira atualmente é representada pela equipe do Palmeirinha que, infelizmente, divide as posições intermediárias da 5º Divisão.
Mas nem sempre foi assim ! Décadas passadas, a equipe era um verdadeiro terror da região, chegando a ficar mais de 3 anos invicto.
Ninguém ganhava do Palmeirinha na região. No entanto, fazendeiros da vizinha cidade de Casa Branca resolveram comprar a briga e criaram um time forte para rivalizar contra os imbatíveis de Porto Ferreira. O nome não poderia ser mais sugestivo : Coríntians de Casa Branca, o carinhoso Corintinha !
A estréia deveria ser marcante; contra o Palmeirinha em casa. Para isso, o time investiu bem, sua principal contratação vinha do rival : Mazinho !
Mazinho era a alma do Palmeirinha; atacava como ninguém, dava dribles desconcertantes, adorava humilhar e fazer a torcida delirar. Contudo, tinha um defeito: Não chutava! Chegava a driblar vários jogadores, principalmente o goleiro, colocava a bola debaixo da meta e a colocava para dentro com o peito, joelho, orelha, até de bumbum, mas era doido para cabecea-la, ficando de quatro ao lado da bola. Diziam ser melhor que Garrincha, era unânime entre todos !
O jogo iria começar, o estádio estava tomado, a região toda estava presente.
A partida foi bem nivelada, poucos chutes à gol, Mazinho ainda não havia pego na bola, até que aos 43 do 2º tempo, num fulminante contra-ataque, Mazinho deixou o zagueiro no meio-de-campo, o goleiro um pouco depois, e partiu sozinho até o gol, onde parou a bola em cima da risca da meta. Olhou para trás, e viu o goleiro e os zagueiros correndo como loucos em sua direção, virou a cabeça e escutou a torcida num grito único: - Chuta !!! – olhou mais ao lado e viu seu técnico impaciente gritando : - Chuta !!! – até mesmo o gândula, que estava ao lado da trave, gritou : - Chuta, porra !!! – mas Mazinho não chutou. Ficou de quatro e cabeceou a bola, porém antes dela entrar, acabou por resvalar em seu braço:
- Falta !!! – gritou o juiz – Mão na bola !!!
Mazinho não acreditou no bestial erro, a torcida menos ainda, e o técnico teve de ser contido pelo bandeirinha e pelos reservas, pois estava prestes à voar sobre o pescoço do infeliz.
Mazinho nunca mais vestiu a camisa do Coríntians, aliás, nunca mais pisou em Casa Branca. Dizem que parou de jogar, para a tristeza de muitos que acreditavam ser ele melhor que Garrincha, mas essa idéia não era mais unânime, principalmente para os torcedores de Casa Branca.
DITÃO E O “CAMIÃO”
Esta história ocorreu na tranqüila São Joaquim da Barra, terra de Rolando Boldrin,o maior contador de causos do Brasil.
Ditão era um colono que morava e trabalhava numa fazenda da região.
Ditão era apaixonado por um caminhãozinho que o dono possuía na fazenda, com este veículo, o colono levava a safra de cana-de-açúcar da fazenda ao engenho. Quando não estava cuidando do caminhão, Ditão se entretia como zagueiro do time da fazenda, o São Joaquinhense, que aliás não perdia há tempos para as equipes da região. Ditão, aliás, era um zagueiro bem rígido, um negro alto e forte, que as vezes era chamado carinhosamente de “armário”, e dava muito bem conta do recado.
Depois de economizar anos de salário, Ditão resolveu comprar o caminhãozinho, que aliás, estava todo batido e enferrujado, sem as lanternas, com o estofamento rasgado, e com os pneus carecas. Mas mesmo assim Ditão comprou-o, era a sua paixão.
Para estrear, como novo dono o velho caminhãozinho, Ditão resolveu levar o time para um jogo em Orlândia, uma cidade vizinha.
O maior problema, era que Ditão teria de ir até Orlândia através de uma estrada vicinal esburacada, ora que o veículo seria presa fácil dos guardas rodoviários na Rodovia Anhanguera, principal estrada da região. Até que o caminhão agüentou bem o trajeto, levando quase vinte pessoas na caçamba.
Mas o maior problema estava por vir. Esqueceram de levar as camisas para o jogo.
Ditão então pegou seu caminhão e correu para busca-las, na volta para ser mais rápido arriscou ir pela Rodovia Anhanguera. Não deu outra ! Foi parado por um guarda rodoviário, porém , só parou o veículo 200 mts à frente:
- O senhor não viu o sinal para parar lá atrás não ?- resmungou o rodoviário.
-
- Vi sim “seo” guarda, se eu tivesse freio parava lá mesmo, como “num” tenho...parei na subida – se desculpava Ditão.
- Certo!-voltou o guarda- Liga os faróis para eu ver se funciona!
- Óia ! O da esquerda “quebrô”, e o da direita “num”tem – continuava Ditão.
- Deixa ver seu cinto !- continuava o oficial.
- Hoje “num tô ”de cinto não ! Tô “di” suspensório !
- E teus documentos ? Deixa eu ver! – disse o guarda.
- Óia ! Documento eu “num” tenho! Nasci na fazenda e lá “nóis” “num”tem essas coisas não! –desculpava-se o colono.
- E os documentos do veículo? – indagava o paciente rodoviário.
- E “camião” tem documento ? – perguntava ingenuamente Ditão.
- Olha rapaz ! Hoje você está com muita sorte! – balbuciava o tranqüilo guarda – Como hoje é meu aniversário, não irei lhe dar multa alguma, mas veja bem.... – persistia o guarda num tom aconselhador - ... volte pela vicinal, senão outro guarda irá multa-lo!
Dito e feito, o guarda deu às costas à Ditão, e quando se aproximava da viatura, foi surpreendido por um assobio :
- “Seo” guarda ! – era Ditão – Me faz um “úrtimo” favor ?
- Pois não ! – gritou o rodoviário de longe.
- Dá pra empurrar o “camião”? É que bateria “tamém” “num” tem !!!
JACUIPENSE
Jasão, antigo boleiro do Fortaleza dos anos 70, após perambular por dezenas de clubes nordestinos, aposentou-se, num mediano clube de Salvador, o Galícia, onde aproveitando-se da constante tradição futebolística, herdou o cargo de técnico.
A equipe era limitada, sem muitos investimentos ( nenhum, para falar a verdade !), as ordens do presidente eram claras : Manter-se na 1º Divisão!
Como se observava, a missão de Jasão não era a das mais fáceis.
Para resolver tão dificultoso problema, Jasão inventou uma tática muito diferente das tradicionais. Uma forma psicológica inovadora para fortalecer sua equipe diante das demais.
Como o campeonato se encontrava nas rodadas finais, e o Galícia beirava as últimas posições, Jasão reuniu o elenco no vestiário, momentos antes de enfrentar o Bahia, até então, líder do campeonato:
- Escuta aqui pessoal ! Agora iremos jogar contra o lanterna do campeonato, o Jacuipense ! E devemos ganhar, entenderam ?
- Mas professor ! – interrompeu Dudu, um ponta esquerda tão lerdo quanto nos pensamentos – É contra o Bahia ! Eu mesmo cheguei a ler no jornal de hoje...
- Eu falei Bahia ? –exclamava irritado Jasão – Vamos jogar contra o Jacuipense! O lanterninha ! E não admito perder ! Entenderam ?
A ordem era clara e precisa. Dudu ainda tentou mostrar ao goleiro Xoxa o jornal, porém foi impedido pelo zagueiro Varela que prestava atenção na preleção do técnico.
- Vamos jogar para ganhar ! – insistia Jasão, agora mais calmo.
E assim foi. O time entrou em campo determinado para vencer.
Dudu ainda achava tudo estranho, pois não tinha assimilado a idéia do treinador, e enquanto se dirigia até o campo, se perguntava : Quem diria heim ? Galícia e Jacuipense na Fonte Nova lotadinha !
Após os 90 minutos, o placar final mostrou qual era o verdadeira adversário do Galícia : 7x0 para o Bahia, para o desespero de Jasão.
Enquanto os jogadores e a comissão técnica do Galícia, dirigiam-se aos vestiários, cabisbaixos, Dudu aproveitou e soltou mais uma de suas mirabolantes frases:
Mas como joga esse Jacuipense, heim ? Como um time desse pode ser lanterna???
Europa
Assim o fiz sem menos esperar, sem menos sonhar antecipadamente.
Quando fui ver já estava desembarcando na "terrinha".
A beira do fabuloso Tejo percebi a tamanha coragem de corajosos marujos que sangraram os mares sem saber o que lhes esperava.
Descobriram o paraiso na Terra.









