Assim que o avião da Easyjet saiu de Lisboa em direção a Milão, senti-me na Itália.
Primeiro pelo linguajar dentro da aeronave e depois pelo tamanha das napas, indiferente do sexo.
O avião aterrissou as 11 da noite em Malpensa, que fica a cinqüenta minutos de Milão. Assim que a aeronave parou descemos e sentimos o frio colossal do norte italiano. Foi a hora de usar o gorro e as luvas, mas faltava mais.
Pegamos um shuttle até Milão, onde desembarcamos ao lado da Stazione Centrale. Enorme! Um prédio colossal!
Já era perto da meia-noite e estávamos com frio e fome. Não comemos nada no avião ora que pegamos um vôo Low Cost , ou seja, de baixo custo, e qualquer bebida, lanchinho ou refeição é pago na hora!
Naquele momento avistamos o grande M amarelo mundialmente conhecido. Não tivemos dúvida e assim continuamos com o nosso documentário “Super Size Me –versão Europa”.
Como em cada pais sempre há algo diferente nas redes Mc Donalds, vislumbramos um interessante acompanhamento: Camarões empanados! Também conhecido por Gamberi.
Depois de forrar o estomago fomos a caça de hotéis. Imagine dois mochileiros a uma da manhã procurando um quarto qualquer para se proteger do frio?
Pois bem, foi a hora de treinar meu parco italiano : “Dove stanza libera per oggi?
E assim repeti por quatro ou cinco hotéis, até que conseguimos um por 70 euros. Não antes do Vlad barganhar, ora que queriam 85 mangos.
Até que o recepcionista foi legal, dizia que estava aprendendo a falar português, depois falou dos jogadores brasileiros que jogam em Milão e por fim, conseguiu ver o horário do trem para Veneza.
Com um quarto legal dormimos como uma pedra, sabendo que no dia seguinte teríamos que acordar cedo para ir até a estação. Aliás a estação ficava a menos de uma quadra.
Não é que fizemos as coisas todas nas coxas não! Eu fiz um caderninho de anotações, com direito a endereços de hotéis, restaurantes, horários de trem, ônibus, etc.. Mas acabei esquecendo-o
De manhã, depois de tomarmos nossa “colazione”, fomos a Estação, onde fomos comprar a passagem para Veneza. Custou algo em torno de 27 euros para cada um, e assim experimentamos o trem europeu. Fantástico!!!
Assim que sentamos, o Vlad sacou de sua mochila mágica ( mágica porque era como uma mochila escolar que tinha mudas de roupa para 5 dias e ainda o LapTop, e conseguia ser 1/3 da minha) e começou a trabalhar em seu projeto. Enquanto isso ficava admirando a paisagem, a Cortina D àmpezzo ao fundo, os lagos, as vilinhas. E assim passamos por Vincenza, Verona que é a terra de Romeu e Julieta, e por fim Veneza.
Assim que desembarcamos, vimos do lado de fora da estação os fantásticos canais venezianos. O tempo estava ótimo, com um belo sol apesar da temperatura não passar dos 17 graus.
Bom, o nosso plano era o seguinte: Havia um ônibus que sairia de Veneza Mestre( a parte continental de Veneza) até Ljubljana ( capital da Eslovênia) as 17:00 hs. Com previsão de chegada as 22:00 hs. Como já era meio-dia, tínhamos uma tarde para conhecer a ilha toda.
Primeiro pegamos um Vapporetto (ônibus-barco), como todas as ruas da cidade são canais, normal que os ônibus, táxis, ambulâncias, caminhões etc.. sejam barcos, lanchas.
Percorremos o canal principal até chegarmos na Piazza San Marco. Sinceramente curti a arquitetura mas faltava algo, talvez tempo para se identificar com o local.
De lá fomos a pé até a estação rodoviária que era ao lado de onde pegamos o vapporetto, ou seja, teríamos que voltar os 40 minutos de barco a pé, com uma agravante: Veneza, assim como a maioria das cidades medievais, é tomada de labirintos.
Não sei como, mas corremos, parávamos para respirar, tirar uma foto de uma ponte aqui uma gôndola ali, e quando vimos já estávamos na estação de ônibus.
Pegamos um busão até Mestre, onde pegaríamos o ônibus internacional. Desta vez Vlad usou seu profícuo inglês para verificar onde deveríamos descer. Descemos na estação de trem.
De lá soubemos que o tal ônibus sairia de um ponto no meio de uma rua. Essa rua é erma, com empresas do lado esquerdo e o muro da linha férrea do outro, zona tipicamente industrial. Assim começamos a andar até encontrar o tal ponto.
Andamos mais de
No caminho o simpático homem perguntou de onde éramos, e quando ouviu a palavra mágica, se abriu todo: “Brasil! Che bello paese! Brasil é molto caldo, e Itália molto freddo!” E só sabia isso!
De repente vimos que o tal ponto era a menos de
Também o tal ponto de ônibus era algo simplório com uma placa fajuta. Nunca alguém pensaria que um onibus internacional sairia de um lugar assim.
No local estava um carro estacionado com placas da Bulgária, e um rapaz na certa romeno, aguardando o tal transporte.
Fiquei meio aflito. Imagine que ficaríamos cinco horas dentro de um ônibus com todo o tipo de gente do leste europeu, como albaneses, romenos, búlgaros, kosovares e sei lá mais quem.
Quando concordamos em usar o plano B, a policia chegou pedindo passaporte pra todo mundo. Talvez por sermos caucasianos similares aos italianos, nada nos foi pedido, e ficamos observando a batida.
Dessa forma, resolvemos voltar a estação de trem e usar o plano B. Pegar um trem até Gorizia e de lá atravessar a fronteira pra Eslovênia á pé, entrando por Nova Gorica.
O trem era um intermunicipal igual ao que sai de Osasco, nas primeiras cinco estações fomos de pé, depois sentamos, e por duas horas ou mais, esperamos chegar
O proprietário fez uma lasanha fantástica! Também não sei se era a fome. Depois perguntou se queria “ Maiale” como acompanhamento. Descobri que era um tipo de carne, mas de que animal? Perguntei se era de carneiro, mas como disse, meu italiano era apenas turístico, saber animais ou aves era muito pra mim. Começou então uma onomatopéia de fazenda. “ Béééé´!!!!” fiz eu e o dono fez que não, e tomou-me vez: “ Oinc Oinc!”. Pronto! Já havíamos descoberto o que era. “ Manda ver !” disse o Vlad, sem que o dono entendesse: “Vogliamo maiale” –disse eu, e o acolhedor homem saiu contente em busca do prato.
Estava delicioso! Agora com nossos estômagos forrados poderíamos voltar a rua em busca da fronteira com a Eslovênia.
Minutos depois, enquanto caminhávamos numa rua extensa coberta de folhas de plátanos, avistamos a tão sonhada divisa.

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