ESTÓRIAS DO FUTEBOL
DITÃO E O “CAMIÃO”
Esta história ocorreu na tranqüila São Joaquim da Barra, terra de Rolando Boldrin,o maior contador de causos do Brasil.
Ditão era um colono que morava e trabalhava numa fazenda da região.
Ditão era apaixonado por um caminhãozinho que o dono possuía na fazenda, com este veículo, o colono levava a safra de cana-de-açúcar da fazenda ao engenho. Quando não estava cuidando do caminhão, Ditão se entretia como zagueiro do time da fazenda, o São Joaquinhense, que aliás não perdia há tempos para as equipes da região. Ditão, aliás, era um zagueiro bem rígido, um negro alto e forte, que as vezes era chamado carinhosamente de “armário”, e dava muito bem conta do recado.
Depois de economizar anos de salário, Ditão resolveu comprar o caminhãozinho, que aliás, estava todo batido e enferrujado, sem as lanternas, com o estofamento rasgado, e com os pneus carecas. Mas mesmo assim Ditão comprou-o, era a sua paixão.
Para estrear, como novo dono o velho caminhãozinho, Ditão resolveu levar o time para um jogo em Orlândia, uma cidade vizinha.
O maior problema, era que Ditão teria de ir até Orlândia através de uma estrada vicinal esburacada, ora que o veículo seria presa fácil dos guardas rodoviários na Rodovia Anhanguera, principal estrada da região. Até que o caminhão agüentou bem o trajeto, levando quase vinte pessoas na caçamba.
Mas o maior problema estava por vir. Esqueceram de levar as camisas para o jogo.
Ditão então pegou seu caminhão e correu para busca-las, na volta para ser mais rápido arriscou ir pela Rodovia Anhanguera. Não deu outra ! Foi parado por um guarda rodoviário, porém , só parou o veículo 200 mts à frente:
- O senhor não viu o sinal para parar lá atrás não ?- resmungou o rodoviário.
-
- Vi sim “seo” guarda, se eu tivesse freio parava lá mesmo, como “num” tenho...parei na subida – se desculpava Ditão.
- Certo!-voltou o guarda- Liga os faróis para eu ver se funciona!
- Óia ! O da esquerda “quebrô”, e o da direita “num”tem – continuava Ditão.
- Deixa ver seu cinto !- continuava o oficial.
- Hoje “num tô ”de cinto não ! Tô “di” suspensório !
- E teus documentos ? Deixa eu ver! – disse o guarda.
- Óia ! Documento eu “num” tenho! Nasci na fazenda e lá “nóis” “num”tem essas coisas não! –desculpava-se o colono.
- E os documentos do veículo? – indagava o paciente rodoviário.
- E “camião” tem documento ? – perguntava ingenuamente Ditão.
- Olha rapaz ! Hoje você está com muita sorte! – balbuciava o tranqüilo guarda – Como hoje é meu aniversário, não irei lhe dar multa alguma, mas veja bem.... – persistia o guarda num tom aconselhador - ... volte pela vicinal, senão outro guarda irá multa-lo!
Dito e feito, o guarda deu às costas à Ditão, e quando se aproximava da viatura, foi surpreendido por um assobio :
- “Seo” guarda ! – era Ditão – Me faz um “úrtimo” favor ?
- Pois não ! – gritou o rodoviário de longe.
- Dá pra empurrar o “camião”? É que bateria “tamém” “num” tem !!!
quarta-feira, 14 de abril de 2010
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